Won coreano cai para mínimo de 16 anos! Investidores de retalho compram ações norte-americanas no valor de 31 mil milhões, teme-se crise cambial

O won sul-coreano foi a moeda com pior desempenho na Ásia nesta temporada, tendo chegado, nas últimas semanas, a aproximar-se do valor mais baixo dos últimos 16 anos. Nos últimos três meses, o won desvalorizou 5,67%, mais do que o iene japonês (4,89%) e o dólar de Taiwan (2,38%). Vários responsáveis, incluindo o presidente do banco central sul-coreano, culparam a desvalorização do won pelo entusiasmo dos investidores particulares pelas ações estrangeiras, o que gerou descontentamento entre os investidores. Os meios de comunicação locais destacaram nas manchetes que esta situação pode desencadear uma “crise cambial”.

Desvalorização do won de 5,67% lidera quedas das moedas asiáticas

O won sul-coreano (KRW) teve o pior desempenho entre as principais moedas nos últimos três meses, com uma desvalorização de 5,67%, muito acima dos 4,89% do iene e dos 2,38% do dólar de Taiwan. Esta velocidade de desvalorização é extremamente rara em tempos de paz, o que gerou amplas preocupações no mercado quanto à estabilidade cambial da Coreia do Sul. O câmbio do won face ao dólar norte-americano esteve, nas últimas semanas, próximo do valor mais baixo dos últimos 16 anos, um nível que só se tinha verificado durante a crise financeira global de 2009.

A desvalorização acentuada do won teve múltiplos impactos na economia sul-coreana. Em primeiro lugar, os custos das importações aumentaram significativamente, especialmente no que toca a energia e matérias-primas. Como a Coreia do Sul depende fortemente das importações, este aumento de custos acaba por impulsionar a inflação interna. Em segundo lugar, a dívida externa denominada em dólares tornou-se mais onerosa, aumentando a pressão de reembolso para empresas e para o governo. Em terceiro lugar, as reservas cambiais enfrentam pressão de esgotamento, já que o banco central poderá ter de intervir para estabilizar o câmbio.

No entanto, a desvalorização não é totalmente negativa. A Coreia do Sul tem uma economia orientada para as exportações e grandes empresas como a Samsung e a Hyundai beneficiam em termos de competitividade quando o won desvaloriza. Os produtos exportados denominados em dólares tornam-se mais baratos, o que ajuda a aumentar a quota de mercado. No entanto, a atual velocidade e magnitude da desvalorização já ultrapassaram os limites controláveis, suscitando preocupações com riscos sistémicos.

Compras de ações norte-americanas por investidores particulares aumentam 12 vezes e atingem nível recorde

韓國散戶美股買盤暴增

(Fonte: Bloomberg)

Devido aos elevados preços do imobiliário em Seul e ao facto de o índice composto da bolsa sul-coreana (KOSPI) ter estado em baixa durante dez anos antes de um raro bull market em 2025, o vasto grupo de investidores particulares sul-coreanos começou a virar-se para investimentos de alto risco, desde criptomoedas até ETFs alavancados em bolsas estrangeiras, na tentativa de criar riqueza.

De acordo com dados da Korea Securities Depository, este ano os investidores particulares sul-coreanos compraram ações norte-americanas num valor líquido de 31 mil milhões de dólares, atingindo um novo máximo histórico. Este valor é quase o triplo do adquirido em 2024, e mais de 12 vezes o nível registado no mesmo período de 2019. Este crescimento explosivo demonstra o profundo descontentamento dos investidores particulares com o mercado nacional e a enorme apetência por ações norte-americanas.

Ações norte-americanas mais populares entre os investidores particulares sul-coreanos

Alphabet (GOOG): Compras líquidas superiores a mil milhões de dólares no mês passado, representando 18% de todas as compras líquidas no estrangeiro, com um retorno superior a 43% nos últimos três meses

Direxion Semiconductor 3X Leveraged ETF: Fundo alavancado três vezes para investir em semicondutores, com uma valorização superior a 73% nos últimos três meses

Nvidia (NVDA): Maior beneficiária da vaga da IA, terceira escolha preferida dos investidores particulares sul-coreanos

Meta (META): Líder nas áreas de redes sociais e realidade virtual, igualmente alvo de grandes fluxos de capital

Estes investimentos têm um traço comum: todos estão relacionados com IA e inovação tecnológica. Muitos investidores particulares perceberam que só com o salário nunca conseguirão enriquecer, pelo que começaram a negociar ações; mesmo cientes das potenciais perdas cambiais, muitos temem perder a valorização de setores como a IA. A Alphabet registou mais de 43% de retorno nos últimos três meses, enquanto o ETF de semicondutores valorizou mais de 73% no mesmo período. Em comparação, o KOSPI subiu menos de 10% neste intervalo, o que agravou ainda mais a saída de capitais.

Banco central culpa investidores particulares e gera forte reação

Segundo a Bloomberg, os meios de comunicação locais destacaram nas manchetes que as compras de ações norte-americanas por investidores particulares poderiam desencadear uma “crise cambial”, o que gerou grande indignação entre estes investidores. O presidente do Banco Central da Coreia, Rhee Chang-yong, afirmou no final do mês passado que a “tendência” dos jovens coreanos de investir em massa em ações estrangeiras era preocupante e que as autoridades estão a apertar os regulamentos sobre a compra alavancada de ETFs cotados no estrangeiro.

Os investidores particulares revoltaram-se por serem apontados como responsáveis pela queda do won, dizendo que são um alvo fácil de culpas e que outros fatores mais amplos podem estar a desempenhar um papel maior na fraqueza do won. Muitos reagiram nas redes sociais, apontando que as verdadeiras razões para a desvalorização do won incluem o fortalecimento do dólar, o abrandamento do crescimento económico da Coreia do Sul, riscos geopolíticos e erros de política monetária do banco central, sendo que os 31 mil milhões de dólares investidos no estrangeiro pelos particulares são apenas um dos fatores, não o principal.

Alguns analistas apontaram que culpar os investidores particulares pela desvalorização do won é simplista e enganador. As reservas cambiais da Coreia do Sul ultrapassam os 400 mil milhões de dólares, e os 31 mil milhões investidos no estrangeiro pelos particulares representam menos de 8%. Mais importante ainda, os investimentos no estrangeiro por investidores institucionais e empresas são muito superiores aos dos particulares, mas raramente são referidos oficialmente.

Ainda assim, alguns responsáveis adotaram uma postura mais moderada, como o presidente da Financial Supervisory Service (FSC), Lee Chan-jin, que disse compreender o desejo dos investidores sul-coreanos de procurar retorno a todo o custo. Esta posição revela divisões dentro do governo sul-coreano sobre o tema, com alguns responsáveis a reconhecerem que o investimento dos particulares no estrangeiro é sintoma de problemas estruturais da economia e não a sua causa.

Problemas estruturais: bolha imobiliária e fraqueza da bolsa

O movimento em massa dos investidores particulares sul-coreanos para as ações norte-americanas resulta de problemas económicos e sociais profundos. Os preços do imobiliário em Seul atingiram níveis inacessíveis para a maioria dos assalariados, sendo o preço de um apartamento típico superior a 20 vezes o salário anual médio. Ao mesmo tempo, o crescimento salarial está estagnado e os jovens percebem que, a trabalhar e poupar normalmente, nunca conseguirão alcançar a liberdade financeira.

O índice KOSPI teve um desempenho fraco na última década, oscilando entre os 2.000 e os 3.000 pontos, muito abaixo do recorde histórico alcançado em 2011. Em contraste, o S&P 500 dos EUA triplicou no mesmo período. Esta enorme diferença de retorno forçou os investidores particulares sul-coreanos a olhar para os mercados estrangeiros.

O mercado das criptomoedas foi, durante algum tempo, uma das principais apostas dos investidores particulares sul-coreanos, mas após acontecimentos como o colapso da Luna, muitos voltaram-se para o mercado de ações norte-americano, considerado mais estável. A vaga da IA, em particular, tornou empresas como Nvidia, Alphabet e Meta favoritas dos investidores em todo o mundo, e os particulares sul-coreanos não são exceção.

O governo sul-coreano enfrenta agora um dilema: se restringir fortemente a saída de capitais, pode estabilizar o won mas irá gerar descontentamento entre a população e possivelmente violar compromissos internacionais de livre circulação de capitais. Se permitir a saída de capitais, a pressão para a desvalorização do won continuará a aumentar, podendo desencadear uma crise cambial ainda maior. A solução de fundo passa por reformar a estrutura económica interna, tornar a bolsa nacional mais atrativa, reduzir a bolha imobiliária e permitir que os jovens possam crescer em riqueza através de canais normais.

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