O risco de remoção do MSCI já terá sido totalmente refletido? JPMorgan: O preço das ações da Strategy está próximo do fundo, 15 de janeiro será um ponto de viragem crucial

O mais recente relatório do JPMorgan indica que o risco de a gigante baleia de Bitcoin, a Strategy, ser removida do índice MSCI devido à elevada percentagem de ativos digitais já está plenamente refletido no colapso do seu preço em bolsa. Os analistas acreditam que, mesmo que a decisão final do MSCI a 15 de janeiro resulte na sua exclusão e provoque uma saída passiva de fundos na ordem dos 2,8 mil milhões de dólares, o impacto negativo já foi “digerido”; pelo contrário, se conseguir permanecer no índice, tanto a Strategy como o preço do Bitcoin poderão registar uma forte recuperação. Esta análise oferece um momento de alívio à Strategy, recentemente assolada por preocupações de liquidez e pressão vendedora, e revela as subtis dinâmicas de avaliação no mercado atual.

O colapso já chegou: porque acredita o JPMorgan que “o pior já passou”?

Recentemente, a maior preocupação do mercado relativamente à Strategy centrou-se na sua possível exclusão de índices acionistas de referência como o MSCI. De acordo com uma proposta de regra que prevê a exclusão de empresas cujo peso dos ativos digitais ultrapasse 50% do total, a Strategy (anteriormente conhecida como MicroStrategy) enfrenta o risco de ser retirada do MSCI US Index. A decisão final está marcada para 15 de janeiro. Após a divulgação desta possibilidade, as ações da Strategy chegaram a afundar cerca de 20%, estando agora próximas do valor líquido dos seus ativos em Bitcoin.

Contudo, a equipa de análise do JPMorgan, liderada por Nikolaos Panigirtzoglou, apresentou uma perspetiva contrária à ansiedade generalizada do mercado: o pior cenário já pode estar incluído no preço das ações. Os analistas sublinham que, após uma liquidação tão acentuada, o preço já “refletiu em excesso” o risco de exclusão do índice. O JPMorgan havia estimado anteriormente que, em caso de exclusão, fundos que replicam o índice poderiam ser obrigados a vender, originando saídas de capital até 2,8 mil milhões de dólares. Agora, acreditam que grande parte deste choque potencial já foi antecipada pela queda prévia da cotação. Isto significa que, mesmo que se concretize o pior cenário, a reação do mercado poderá ser relativamente branda, podendo até ocorrer uma recuperação técnica após o “pico do pessimismo”.

O cerne desta análise reside na eficiência do mercado. Uma vez amplamente conhecida e refletida no preço, uma notícia negativa perde grande parte do seu poder destrutivo. Atualmente, o preço das ações da Strategy já eliminou grande parte do “prémio de índice” e a sua avaliação está quase totalmente indexada às 650.000 unidades de Bitcoin que detém (avaliadas em cerca de 60 mil milhões de dólares). Assim, qualquer pressão vendedora adicional resultante de ajustes do índice terá um impacto marginal significativamente menor.

Dupla aposta: decisão de 15 de janeiro como catalisador chave

Com base na lógica de que “o pior já passou”, o JPMorgan centra agora as atenções na decisão final do MSCI a 15 de janeiro, encarando-a como um potencial “catalisador positivo”. Os analistas são claros no relatório: “Se, a 15 de janeiro, o MSCI decidir não excluir a MicroStrategy, tanto as ações como o Bitcoin poderão registar uma forte recuperação, regressando aos níveis anteriores a 10 de outubro.” Isto traça um cenário claro de apostas em ambos os sentidos para o mercado.

Para a Strategy, trata-se de um momento crítico de “des-risco”. A administração da empresa está ciente disso e já se encontra a agir. Segundo a Reuters, a Strategy está em diálogo com o MSCI. O CEO, Phong Le, afirmou que iniciou um “processo educativo” junto do MSCI, no sentido de clarificar o modelo de negócio e a estrutura de ativos da empresa. Se conseguir convencer o MSCI ou influenciar uma revisão das regras, não só eliminará uma ameaça significativa, como também enviará um sinal positivo ao mercado sobre o reconhecimento do seu modelo de negócio por parte do sistema financeiro tradicional, melhorando assim o sentimento dos investidores.

Assim, o dia 15 de janeiro deixa de ser apenas uma data de espera passiva e torna-se um potencial catalisador de reavaliação abrupta de preços. O foco do mercado está a deslocar-se do medo da exclusão para a expetativa do que poderá acontecer se tal não se verificar. Esta mudança de sentimento, só por si, já está a criar terreno para uma possível recuperação.

Informação chave sobre a situação atual da Strategy e o evento MSCI

Evento de risco principal: O MSCI propôs excluir empresas cujo peso de ativos digitais ultrapasse 50%; a Strategy enfrenta o risco de ser removida do MSCI US Index.

Data da decisão: A decisão final deverá ser anunciada a 15 de janeiro.

Impacto potencial de fluxos de capitais: Em caso de exclusão, poderá haver saídas passivas de cerca de 2,8 mil milhões de dólares.

Desempenho das ações: As notícias levaram a uma queda de cerca de 20% nas ações, atualmente cotadas perto do valor líquido das participações em Bitcoin.

Resposta da empresa: Está a dialogar ativamente com o MSCI, promovendo a “educação dos investidores”; está também a construir reservas em dólares para atenuar preocupações de liquidez.

Contexto do preço do Bitcoin: O Bitcoin negoceia atualmente a cerca de 93.000 dólares, bem abaixo do máximo histórico de 126.000 dólares registado em outubro.

O dilema da liquidez e a reserva estratégica: um teste mais profundo

Para além do impacto de curto prazo do evento MSCI, a Strategy enfrenta desafios estruturais mais profundos, nomeadamente a vulnerabilidade do seu modelo de negócio — a forte ligação entre liquidez e o preço do ativo. Com a recente descida do preço do Bitcoin, as ações da Strategy acompanharam a tendência, limitando severamente a sua capacidade de financiamento via aumento de capital. Contudo, a empresa continua obrigada a pagar juros elevados sobre instrumentos financeiros emitidos (como ações preferenciais perpétuas), o que gera uma pressão de liquidez latente.

A maior preocupação do mercado é que, para satisfazer necessidades de tesouraria ou estabilizar a cotação, a Strategy seja forçada a quebrar o seu dogma de “nunca vender” Bitcoin, provocando forte pressão vendedora num mercado cripto já pouco líquido. Este receio alimenta um círculo vicioso: o medo de vendas provoca quedas, as quedas reforçam o medo, e a pressão vendedora intensifica-se ainda mais.

Para romper este ciclo, a Strategy tomou recentemente uma iniciativa crítica: começou a constituir reservas em dólares. O objetivo estratégico é evidente — demonstrar capacidade financeira independente para cumprir obrigações de curto prazo, dissipando o medo dos investidores de uma eventual “venda forçada” de Bitcoin. Em certa medida, a criação de reservas de caixa e o diálogo com o MSCI são duas faces da mesma moeda: tentativas de ganhar legitimidade e espaço de manobra no quadro do sistema financeiro tradicional para um balanço fortemente “bitcoinizado”.

Relação narrativa: do risco individual à perspetiva do Bitcoin global

O relatório do JPMorgan não se limita à análise da Strategy, estendendo a abordagem ao panorama global do Bitcoin. O banco reafirma a sua visão otimista de longo prazo para o Bitcoin, apontando um preço teórico de cerca de 170.000 dólares nos próximos 6 a 12 meses, com base num modelo ajustado à volatilidade do ouro. Apesar do caráter altamente especulativo desta previsão, o seu enquadramento no contexto da decisão do MSCI é revelador.

O relatório sugere que os atuais problemas da Strategy são “dores de crescimento” e distorções de avaliação resultantes da integração do Bitcoin no sistema financeiro tradicional. Assim que a incerteza do MSCI for resolvida, independentemente do desfecho, a atenção do mercado voltará para os fundamentos do Bitcoin. A Strategy, enquanto “proxy cotado de Bitcoin com alavancagem elevada”, tem as suas ações fortemente correlacionadas com o ativo subjacente. Qualquer progresso na mitigação dos riscos individuais e na estabilização financeira da empresa pode ser interpretado como benéfico para o ecossistema do Bitcoin, libertando potencial de compra reprimido.

Atualmente, o Bitcoin está a cotar perto dos 93.000 dólares, cerca de 26% abaixo do máximo de sempre. O sentimento do mercado permanece frágil, após uma queda de quase 2 biliões de dólares em capitalização desde o início de outubro. O confronto entre a Strategy e o MSCI tornou-se um microcosmo de como o capital financeiro tradicional encara e gere exposições extremas ao Bitcoin. O desfecho, seja ele qual for, servirá de precedente valioso para outras empresas que ponderem adicionar Bitcoin ao seu balanço.

Mecanismos de ajuste dos índices MSCI e o ecossistema das “ações conceito Bitcoin”

Porque é que o índice MSCI tem tanto impacto?

A MSCI é uma das maiores casas de índices do mundo e os seus índices constituem referência fundamental para a alocação de ativos e a avaliação de desempenho por parte de investidores institucionais. Uma vasta gama de fundos passivos (como ETFs) e fundos ativos têm como objetivo acompanhar ou superar os índices MSCI. A inclusão de uma ação no índice MSCI implica compras automáticas na ordem de dezenas ou centenas de milhar de milhões de dólares por fundos passivos; a exclusão provoca vendas forçadas de igual magnitude. Este “fluxo passivo” tem impacto direto e significativo no preço das ações, tornando a entrada ou saída dos índices MSCI um tema central para as empresas cotadas.

Além da Strategy, que outras “ações conceito Bitcoin” existem?

  1. Pura holding: como a Strategy, cujo negócio principal é adquirir e deter Bitcoin, tendo a cotação altamente correlacionada com o preço do ativo.
  2. Empresas mineiras: como a Marathon Digital (MARA) e a Riot Platforms (RIOT), que obtêm Bitcoin via mineração, sendo o preço afetado tanto pelo valor do Bitcoin como pelos custos de mineração.
  3. Negociação e serviços: como a Coinbase (COIN), enquanto plataforma de negociação, cuja cotação depende mais da atividade de mercado e das receitas de comissões.
  4. Tecnologia e infraestruturas: como a Cleanspark (CLSK), operando em áreas como gestão de centros de mineração e energia.

Comparação: A Strategy, devido à sua estrutura de ativos extrema e enorme posição em Bitcoin, é a mais volátil e arriscada das “ações conceito”, apresentando a maior correlação com o preço do Bitcoin.

O relatório do JPMorgan, na sua análise clínica, procura dissecar o “tumor das expetativas” alimentado pelo medo em torno da Strategy e do mercado. Salienta que a maior dor pode já ter passado e que a decisão iminente poderá atuar como antídoto para a paralisia. Seja qual for o resultado de 15 de janeiro, o episódio revela uma verdade incontornável: os ativos cripto e os modelos de negócio a eles associados estão sob o escrutínio implacável do sistema financeiro tradicional, sujeitos a exigências rigorosas de liquidez, compliance e avaliação. Para a Strategy e Michael Saylor, trata-se de um teste de fé e sobrevivência; para o mercado em geral, uma lição sobre como o Bitcoin, enquanto classe emergente de ativos, procura o seu ponto de ancoragem nas complexas regras do capital tradicional. O olho do furacão é muitas vezes o lugar mais calmo — e é aí que a Strategy se encontra agora.

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